Queria tudo.
Queria sentir tudo o que ele sentia, queria viver o que ele vivia, queria estar perto dele, absorver-lhe a pele, o suor, os orgasmos... Queria viver os sonhos que ambos confessavam um ao outro... Queria tudo: a companhia, a brandura, o abraço. Já não sabia viver sem isso. Já não sabia suportar a existência sem os frémitos, sem o calor, sem o fogo... Já não sabia viver sem a humidade entre as pernas que lhe escorria, só de ler “Amo-te tanto” numa qualquer SMS surpresa, a meio de um dia de trabalho. Já não sabia viver sem o arrepio doce que o simples sorriso dele lhe provocava. Queria a sofreguidão dos lábios dele, a textura macia da pele do seu peito nu... Queria os gemidos de prazer e o fôlego por recuperar, após fazerem amor... Queria o passeio a dois e o refúgio do seu corpo. Queria adormecer aninhada nele, sonhar com ele a noite toda e acordar ao lado dele. Acariciar-lhe o rosto antes da foda matinal. A foda matinal: o café dos que se amam sem reservas... Queria essa vontade de se entregar totalmente, como só a ele oferecera. Tudo ou nada.
Era um amor excessivo. Sim.
Mas só sabia amá-lo assim. Amava-o como nunca antes amara ninguém. Amava-o como nunca antes amara. Nunca antes amara.
E à medida que se ia afogando nesse amor sôfrego, ia deixando de saber-se sem ele. Deixou de saber o sabor do seu prato favorito, deixou de saber que o sol se punha todos os dias. E que o sol nascia depois. Deixou de saber quantas cores tinha o arco-íris e o toque das gotas de chuva no rosto despreocupado. Deixou de saber o prazer dos fins de tarde solitários entre mantas e chocolate quente. Deixou de saber queixar-se. Deixou de saber o que era o orgulho estúpido, ou a procura incessante de validação alheia do que era tão seu. Deixou de saber esperar... Deixou de saber suportar a indefinição. Deixou de saber as pequenas e as grandes coisas do quotidiano celibatário. Ou de metades ocasionais a que tivera a ousadia de chamar “amor”.
O que sabia eu do amor, meu amor, antes de te querer a ti, todo, corpo e alma, só para mim?
E que sei eu agora do mundo à volta?
Longe dele não sabia mais nada. Longe do tão querido tudo que era ele, nada sabia.
Aquelas coisas todas que fazem parte do dia-a-dia preenchido e feliz de uma mulher realizada: maternidade, família, amigos, receitas de culinária, cosmética, sapatos, roupa, notícias de Portugal e do Mundo, desabafos, redes sociais, acessórios, inteligência emocional, escrita, vida profissional... All Sorts of Stuff, ou o Diário de uma Mulher Moderna (sem pretensiosismos).
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Que lindo :D tens mesmo jeito para as palavras
ResponderEliminarOooh... Obrigada! :-)
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