terça-feira, 30 de setembro de 2014

Curitiba, Abril de 2014 (e não só) - Parte III

No segundo post que escrevi sobre a nossa última viagem a Curitiba, deixei no ar uma leve promessa de discursar sobre a gastronomia e os restaurantes curitibanos.

Pois bem, é agora.

Acreditam que não sei o que é que poderia classificar de comida típica curitibana? Há uma variedade multi-cultural de opções e creio que não estarei muito longe da verdade se disser que a comida típica é a que se come em casa, com o cunho pessoal de cada um. Que me corrijam os meus queridos amigos curitibanos se eu estiver a dizer um grande disparate!
Se se for comer fora, há para todos os gostos. Os restaurantes mais comuns são os que fornecem comida italiana. E o tipo de serviço mais abundante é o rodízio. Existem também as cadeias de fast-food, a mais popular das quais é o Habib's (que sendo um restaurante de fast food árabe - Sfiha e quibe, basicamente, se congratula de vender também os verdadeiros, os genuinos pastéis de nata portugueses... cof... cof... é... mais ou menos..).

Ora, a primeira vez que entrei num restaurante de rodízio de pizza, foi em Curitiba, em 2006. Para mim, foi uma experiência totalmente inédita, e mal aproveitada. Mas eu não aprendo. Não sei funcionar com rodízios nem buffets. Chego lá cheia de fome e só aproveito as primeiras ofertas que chegam à mesa. Depois, fico cheia e tenho que esperar um pouco (rejeitando coisas teoricamente irresistíveis, ai que sofrimentooooo!), para poder comer outra coisa extraordinária para mim: as pizzas doces. Ele há de chocolate de
leite, chocolate branco, sonho de valsa, serenata de amor, chantilly com fruta, chocolate com fruta, brigadeiro, and the list goes on.
Mamma mia! Que loucura. Tudo em massa fina e com recheios não muito generosos, mas deliciosos.
As minhas sugestões para conseguir provar a maior variedade possível:

- Colocar as margens de massa de lado.
- Não repetir sabores.
- Tentar não se encher de líquido durante a refeição.

Claro que estas eram loucuras de outros tempos, porque agora ando muito atinadinha com as experiências alimentares. Sobretudo no que toca a quantidades. :-P

Adiante.

A outra categoria de restaurante muito bem representada, é a das churrascarias. Há várias espalhadas pela cidade e são o típico ponto de encontro para quem vai sair à noite para comer. As mais emblemáticas enchem mesmo nos dias da semana e é ver filas à porta de grupos de amigos, aniversariantes e os seus séquitos, famílias inteiras... E não se pense que é só para pessoas de menos posses, ou que se vestem de fato de treino para sair (peço desculpa se o comentário pareceu jocoso, mas não é de todo essa a intenção. Apenas pretendo enfatizar melhor a minha ideia), porque o dress code inclui tanto o tal fato de treino, como o vestido de noite e o fatinho com a gravatinha. Vê-se desde empresários, até avózinhas.

As churrascarias curitibanas são, regra geral, edifícios com um salão grande, pé-direito altíssimo, amplo e desafogado. Têm mesas corridas e um buffet de saladas e acompanhamentos. As carnes vão sendo servidas em jeito de rodízio, à mesa. Ui, que carnes...! Cada corte mais tenro e saboroso, como é raro. E sobretudo não se encontra nos Chimarrão da vida das praças
de alimentação dos Shoppings. E há desde carne de vaca (vários cortes, dizia eu), até às linguiças, salsichas variadas, frango... Tudo no churrasco. Até me dá água na boca só de recordar. ;-) ).

A primeira vez que fui a uma churrascaria foi assim: pedi ao namorado para me trazer um prato com salada, polenta frita e arroz e fiquei a ver passar as iguarias de carne e a experimentar um pouco de cada. Mas na segunda vez... Ai, na segunda vez, descobri algo que me fez não voltar a querer comer carne numa churrascaria... (Tsc...tsc... estrangeiras... tsc... tsc... Portuguesas... LOL)

Pois que na segunda vez, resolvi ir eu escolher as saladas e deparei-me com um buffet de Sushi e Sashimi ali, à disposição, modo: all you can eat e... Uf.. Regressei à mesa com um prato cheio de iguarias japonesas, o picle de gengibre, o wasabi verdinho e o pratinho de shoyu on the side. E hashi, claro! Que eu cá, não cometo o sacrilégio de comer comida japonesa com garfo e faca.
Comi todo o sushi que consegui, e claro que já não consegui provar carne nenhuma. Mas o sushi para mim vem primeiro. Por muito que quem me acompanhava ficasse dividido entre o choque e o ar divertido.

Eu sei, sou esquisita. Contudo, o sushi é das poucas coisas a que eu não consigo resistir MESMO (hum... talvez haja aqui um certo nível de exagero, mais uma vez... hehehe). Miseravelmente, não me recordo do nome das churrascarias a que fui, mas de uma maneira geral, a qualidade é boa. E já sabem que nas maiores há Sushi à descrição. ;-) E do bom!

O Sul do Brasil é enriquecido por uma vasta comunidade japonesa, sendo que entre Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, reune-se a maior comunidade japonesa fora do Japão. Posto isto, não surpreende que haja em Curitiba restaurantes típicos japoneses, com ramen cozinhado por Chefs japoneses e com ingredientes importados disponíveis no mercado brasileiro graças, precisamente, à relevância da comunidade nipónica nesta região. Também experimentei um destes: uma maravilha. Desde a simpatia do staff até ao sabor e aromas apurados da comida. Se passarem por Curitiba não deixem de dar um saltinho ao "Lamen House". Fica a dica. ;-)

Mudando um pouco o assunto, dentro do tema “gastronomia”, queria falar-vos do famoso pastel de vento que não é exclusivo de Curitiba (pelo contrário), mas que é bem típico no Brasil (quem quiser provar, aconselho vivamente a "lanchonete" Feel Rio, na Baixa de Lisboa, Rua do Crucifixo. Se lá forem, não deixem de provar o caldo de cana, enfim, se forem gulosos, porque aquilo não leva açúcar adicionado mas é doce "pra dédéu"!).

Em Curitiba podem comer-se em quase qualquer lanchonete de esquina, mas onde provei uns de comer e chorar por mais foi no Mercado Municipal da cidade. Acabadinhos de fritar, o ambiente do mercado em pano de fundo e uma fomeca razoável de ter passado a manhã a passear pela cidade, tornaram aquela a refeição mais apreciada em muito tempo! Isto, em 2008! Miseravelmente (again) também, não tenho registo fotográfico próprio do Mercado Municipal, e também nẽo foi este ano que consegui obtê-lo. Viajar
com um garoto de menos de dois anos, torna-se complicado para registos fotográficos em locais públicos.. haha
(Ah, até agora, em todas as minhas 4 vizitas a Curitiba, fiz questão de passar lá no Mercado para trazer o delicioso café de Minas moído na hora e
com um aroma de fazer virar cabeças, bem como a cachaça envelhecida para trazer para Portugal. Ah, e o molho de soja de jeito, claro).
Ficam umas fotografias retiradas da internet para terem uma ideia de como é este mercado:


 
Ora este ano, fui apresentada a nada mais, nada menos do que um...

Rodízio de pastel!!! Hahahaha

Mas desta vez fui mais inteligente:

- um de cada vez
- não repeti "sabores"
- pedi a opinião de quem já tinha provado e "saltei" alguns que não me pareceram muito apetecíveis.

Assim consegui provar todos e ainda sobrou espaço para um delicioso suco fresco de ananás. Ups! Abacaxi. E os pastéis do rodízio são, obviamente, em tamanho amostra. Ninguém seria capaz de comer pastéis full size num rodízio, isso vos garanto. Não é possível ir além de dois, a meu ver. Hahaha

Para além destes restaurantes, há ainda as praças de alimentação dos Shoppings, que têm alguns dos nossos velhos conhecidos, mas também outros totalmente diferentes. Brasileiro de Curitiba gosta muito de pastas com muito queijo, bifes de frango à milanesa (panados), tudo regado com rodelas de lima e refrigerante qb (o refrigerante no copo, claro). Fora isto há ainda a carrocinhas de cachorro quente, muito típicas de Curitiba mas que, pelos vistos, são uma espécie ameaçada de extinção. Há cada vez menos, apesar da qualidade. Experimentem um cachorro quente prensado para verem se não cabe uma infinidade de ingredientes. Cachorro é grande em
Curitiba, por causa da também significativa comunidade alemã. "Winas" (vinas ou salsichas) e chucrute, não são coisa rara e muito menos desprezada entre curitibanos comedores de carne. ;-)

Para já acho que me vou ficar por aqui, mas nos próximos posts sobre Curitiba, gostaria de vos falar nos parques e pontos culturais,
na organização urbana e projectos ecológicos, como a reciclagem de resíduos domésticos. Curitiba foi a cidade pioneira em todo o Brasil em matéria de recilagem! Isto já é mais uma reportagem completa sobre Curitiba, do que propriamente sobre a viagem ao Brasil. A minha vontade de vos contar sobre Curitiba já transbordou os limites de uma só viagem. ;-) E também gostava de partilhar convosco a descida para S. Paulo e para Santos, debaixo de chuva, e ainda uma viagem de carro a Bombinhas, Santa Catarina.
Espero não vos ter deixado demasiado aborrecidos com a extensa leitura! Obrigada por me lerem.
:-)

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