No segundo post que
escrevi sobre a nossa última viagem a Curitiba, deixei no
ar uma leve promessa de discursar sobre a gastronomia e os
restaurantes curitibanos.
Pois bem, é agora.
Acreditam que não
sei o que é que poderia classificar de comida típica curitibana? Há
uma variedade multi-cultural de opções e creio que não
estarei muito longe da verdade se disser que a comida típica é a
que se come em casa, com o cunho pessoal de cada um. Que me corrijam
os meus queridos amigos curitibanos se eu estiver a dizer um grande
disparate!
Se se for comer
fora, há para todos os gostos. Os restaurantes mais comuns são os
que fornecem comida italiana. E o tipo de serviço mais abundante é o
rodízio. Existem também as cadeias de fast-food, a mais popular das
quais é o Habib's (que sendo um restaurante de fast
food árabe - Sfiha e quibe, basicamente, se congratula de vender
também os verdadeiros, os genuinos pastéis de nata portugueses...
cof... cof... é... mais ou menos..).
Ora, a primeira vez
que entrei num restaurante de rodízio de pizza, foi em Curitiba, em
2006. Para mim, foi uma experiência totalmente inédita,
e mal aproveitada. Mas eu não aprendo. Não sei funcionar com
rodízios nem buffets. Chego lá cheia de fome e só aproveito as
primeiras ofertas que chegam à mesa. Depois, fico cheia e tenho que
esperar um pouco (rejeitando coisas teoricamente irresistíveis, ai
que sofrimentooooo!), para poder comer outra coisa extraordinária
para mim: as pizzas doces. Ele há de chocolate de
leite, chocolate
branco, sonho de valsa, serenata de amor, chantilly com fruta,
chocolate com fruta, brigadeiro, and the list goes on.
Mamma mia! Que
loucura. Tudo em massa fina e com recheios não muito generosos, mas
deliciosos.
As minhas sugestões
para conseguir provar a maior variedade possível:
- Colocar as margens
de massa de lado.
- Não repetir
sabores.
- Tentar não se
encher de líquido durante a refeição.
Adiante.
A outra categoria de
restaurante muito bem representada, é a das churrascarias. Há
várias espalhadas pela cidade e são o típico ponto de encontro
para quem vai sair à noite para comer. As mais emblemáticas enchem
mesmo nos dias da semana e é ver filas à porta de grupos de amigos,
aniversariantes e os seus séquitos, famílias inteiras... E não se
pense que é só para pessoas de menos posses, ou que se vestem de
fato de treino para sair (peço desculpa se o comentário pareceu
jocoso, mas não é de todo essa a intenção. Apenas pretendo
enfatizar melhor a minha ideia), porque o dress code inclui tanto o
tal fato de treino, como o vestido de noite e o fatinho com a
gravatinha. Vê-se desde empresários, até avózinhas.
As churrascarias
curitibanas são, regra geral, edifícios com um salão grande,
pé-direito altíssimo, amplo e desafogado. Têm mesas corridas e um
buffet de saladas e acompanhamentos. As carnes vão sendo servidas em
jeito de rodízio, à mesa. Ui, que carnes...!
Cada corte mais tenro e saboroso, como é raro. E sobretudo não se
encontra nos Chimarrão da vida das praças
de alimentação dos
Shoppings. E há desde carne de vaca (vários cortes, dizia eu), até
às linguiças, salsichas variadas, frango... Tudo no churrasco.
Até me dá água na boca só de recordar. ;-) ).
A primeira vez que
fui a uma churrascaria foi assim: pedi ao namorado para me trazer um prato
com salada, polenta frita e arroz e fiquei a ver passar as
iguarias de carne e a experimentar um pouco de cada. Mas na segunda
vez... Ai, na segunda vez, descobri algo que me fez não voltar a
querer comer carne numa churrascaria... (Tsc...tsc... estrangeiras...
tsc... tsc... Portuguesas... LOL)
Pois que na segunda
vez, resolvi ir eu escolher as saladas e deparei-me com um buffet de
Sushi e Sashimi ali, à disposição, modo: all you can
eat e... Uf.. Regressei à mesa com um prato cheio de iguarias
japonesas, o picle de gengibre, o wasabi verdinho e o pratinho de shoyu on
the side. E hashi, claro! Que eu cá, não cometo o sacrilégio de
comer comida japonesa com garfo e faca.
Comi todo o sushi
que consegui, e claro que já não consegui provar carne nenhuma. Mas
o sushi para mim vem primeiro. Por muito que quem me
acompanhava ficasse dividido entre o choque e o ar divertido.
Eu sei, sou
esquisita. Contudo, o sushi é das poucas coisas a que eu não consigo
resistir MESMO (hum... talvez haja aqui um certo nível de exagero, mais uma
vez... hehehe). Miseravelmente, não me recordo do nome das
churrascarias a que fui, mas de uma maneira geral, a qualidade é boa. E
já sabem que nas maiores há Sushi à descrição. ;-) E do bom!
O Sul do Brasil é
enriquecido por uma vasta comunidade japonesa, sendo que entre
Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, reune-se a maior
comunidade japonesa fora do Japão. Posto isto, não surpreende que
haja em Curitiba restaurantes típicos japoneses, com ramen cozinhado por
Chefs japoneses e com ingredientes importados disponíveis no mercado
brasileiro graças, precisamente, à relevância da
comunidade nipónica nesta região. Também experimentei um destes:
uma maravilha. Desde a simpatia do staff até ao sabor e aromas
apurados da comida. Se passarem por Curitiba não deixem de dar um
saltinho ao "Lamen House". Fica a dica. ;-)
Mudando um pouco o
assunto, dentro do tema “gastronomia”, queria falar-vos do famoso
pastel de vento que não é exclusivo de Curitiba (pelo
contrário), mas que é bem típico no Brasil (quem quiser provar,
aconselho vivamente a "lanchonete" Feel Rio, na Baixa de Lisboa,
Rua do Crucifixo. Se lá forem, não deixem de provar o caldo de
cana, enfim, se forem gulosos, porque aquilo não leva açúcar
adicionado mas é doce "pra dédéu"!).
Em Curitiba podem
comer-se em quase qualquer lanchonete de esquina, mas onde provei uns
de comer e chorar por mais foi no Mercado Municipal da
cidade. Acabadinhos de fritar, o ambiente do mercado em pano de fundo
e uma fomeca razoável de ter passado a manhã a passear
pela cidade, tornaram aquela a refeição mais apreciada em muito
tempo! Isto, em 2008! Miseravelmente (again) também, não tenho
registo fotográfico próprio do Mercado Municipal, e também nẽo
foi este ano que consegui obtê-lo. Viajar
com um garoto de
menos de dois anos, torna-se complicado para registos fotográficos
em locais públicos.. haha
(Ah, até agora, em
todas as minhas 4 vizitas a Curitiba, fiz questão de passar lá no
Mercado para trazer o delicioso café de Minas moído na hora e
com um aroma de
fazer virar cabeças, bem como a cachaça envelhecida para trazer
para Portugal. Ah, e o molho de soja de jeito, claro).
Ficam umas fotografias retiradas da internet para terem uma ideia de como é este mercado:
Ora este ano, fui
apresentada a nada mais, nada menos do que um...
Rodízio de pastel!!!
Hahahaha
Mas desta vez fui
mais inteligente:
- um de cada vez
- não repeti
"sabores"
- pedi a opinião de
quem já tinha provado e "saltei" alguns que não me
pareceram muito apetecíveis.
Assim consegui
provar todos e ainda sobrou espaço para um delicioso suco fresco de
ananás. Ups! Abacaxi. E os pastéis do rodízio são,
obviamente, em tamanho amostra. Ninguém seria capaz de comer pastéis
full size num rodízio, isso vos garanto. Não é possível ir além
de dois, a meu ver. Hahaha
Para além destes
restaurantes, há ainda as praças de alimentação dos Shoppings,
que têm alguns dos nossos velhos conhecidos, mas
também outros totalmente diferentes. Brasileiro de Curitiba gosta
muito de pastas com muito queijo, bifes de frango à milanesa (panados),
tudo regado com rodelas de lima e refrigerante qb (o refrigerante no
copo, claro). Fora isto há ainda a carrocinhas de cachorro quente,
muito típicas de Curitiba mas que, pelos vistos, são uma espécie
ameaçada de extinção. Há cada vez menos, apesar da qualidade.
Experimentem um cachorro quente prensado para verem se não cabe uma
infinidade de ingredientes. Cachorro é grande em
Curitiba, por causa
da também significativa comunidade alemã. "Winas" (vinas
ou salsichas) e chucrute, não são coisa rara e muito menos desprezada entre
curitibanos comedores de carne. ;-)
Para já acho que me
vou ficar por aqui, mas nos próximos posts sobre Curitiba, gostaria
de vos falar nos parques e pontos culturais,
na organização
urbana e projectos ecológicos, como a reciclagem de resíduos
domésticos. Curitiba foi a cidade pioneira em todo o Brasil em matéria
de recilagem! Isto já é mais uma reportagem completa sobre
Curitiba, do que propriamente sobre a viagem ao Brasil. A minha
vontade de vos contar sobre Curitiba já transbordou os limites de
uma só viagem. ;-) E também gostava de partilhar convosco a descida
para S. Paulo e para Santos, debaixo de chuva, e ainda uma viagem de
carro a Bombinhas, Santa Catarina.
Espero não vos ter
deixado demasiado aborrecidos com a extensa leitura! Obrigada por me
lerem.
:-)
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