Após a leitura
deste post,
voltou-me à mente um tema que por vezes me ocupa algumas horas de
reflexão: o feminismo exacerbado.
No fundo, o que
critico veementemente, são os extremismos. Eu consigo entender o
feminismo no contexto em que ele surgiu. E dou-lhe todo o mérito!
Foi fundamental o início desse movimento pelos direitos das
mulheres! Os homens e mulheres que estiveram na origem dos movimentos
feministas bateram-se por causas tão diversas de acordo com os
diversos contextos e localizações geográficas. Direitos como o
direito ao sufrágio, ao emprego, e igualdade de circunstâncias em
diversas outras frentes (lugares de destaque na política, em
posições de liderança em diversas áreas, etc.) foram adquiridos
com muito esforço e luta por parte quer de mulheres, quer de homens.
Não digo que a igualdade de oportunidades seja já absoluta, mas foi
percorrido um caminho longo e árduo que é absolutamente necessário
respeitar e nunca tomar como garantido. É preciso ter consciência
que esse caminho nunca terminará e que “dormir à sombra de uma
bananeira" nunca fez ninguém avançar nem evoluir.
Consigo também, à
luz dos valores defendidos pelos movimentos feministas desde os seus
primórdios, em meados do Sec. XIX, conceber e defender de forma
acérrima, o combate a favor dos direitos das mulheres em regiões do
mundo onde ainda hoje são tratadas como objectos e/ou seres a
dominar e subjugar. E reconheço que mesmo no mundo ocidental é
necessária máxima vigilância e atenção aos problemas que afectam
sobretudo as mulheres mas que não se resumem a elas, como a
violência doméstica, a violência nas escolas, o tráfico humano, a
escravatura moderna entre outras questões de extrema importância e
gravidade (deixo aqui um link para um resumo interessante da História do Feminismo, como
complemento desta minha abordagem que reconheço demasiado
superficial – mas não com desconhecimento de causa!).
"US Navy 080123-N-3385W-028 Cmdr. Adrienne Simmons, medical provider for Provincial Reconstruction Team Khost and only woman on the team, speaks at the groundbreaking ceremony for a women's mosque and park in downtown Khost City" by U.S. Navy photo by Ensign Christopher Weis - This Image was released by the United States Navy with the ID 080123-N-3385W-028 (next). This tag does not indicate the copyright status of the attached work. A normal copyright tag is still required. See Commons:Licensing for more information. . Licensed under Public domain via Wikimedia Commons."
O que não
compreendo são os preconceitos modernos do mundo ocidental contra as
mulhers que querem singrar na vida e ao mesmo tempo cuidar de si
próprias, gostar de sapatos, de roupa, de se maquilhar, de ter um
aspecto cuidado e apresentável para as pessoas que as rodeiam.
Gostar de sapatos não é, de todo, incompatível com o gosto pela
leitura. E não falo de leituras ligeiras. Preocupar-se com os
cuidados da pele, não é incompatível com a luta pelos direitos
humanos em geral e das mulheres em particular. Gostar de se vestir
bem não é necessariamente uma afronta a todas aquelas e aqueles que
perderam a vida pela causa da liberdade feminina.
Há aqueles e
aquelas de cabeça vazia (afecta todos, não as mulheres em exclusivo), mas que até podem ter aspecto desmazelado
e há aquelas e aqueles com preocupações sociais, sociológicas,
humanitárias e culturais, e que têm uma apresentação
irrepreensível. E há todo um leque de nuances entre qualquer
extremo.
Ter a mente aberta e
conseguir não julgar os outros pelas aparências ou de forma
demasiado rápida, não é para todos. Às vezes fico com a sensação
de que andamos todos aqui aos berros, demasiado ocupados a tentar
fazermo-nos ouvir, de tal maneira que não ouvimos ninguém à nossa volta...
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